sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Após confronto com 42 feridos, Dilma recebe MST no Planalto

Fonte: O Globo

Gilberto carvalho responsabiliza pm pelo tumulto e elogia líderes do movimento

Givaldo Barbosa


Brasília. No dia seguinte ao violento confronto entre militantes do MST e a polícia em frente ao Palácio do Planalto, que deixou 42 pessoas feridas, a presidente Dilma Rousseff se encontrou ontem com representantes dos sem-terra e até ganhou de presente uma cesta de alimentos, como se nada tivesse acontecido. Segundo participantes da reunião, nem se falou sobre o confronto da véspera, que chegou a interromper a sessão do Supremo Tribunal Federal.

À noite, após participar de um evento do 6º Congresso Nacional do MST, em Brasília, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, responsabilizou a Polícia Militar pelo confronto com os sem-terra. Gilberto disse que o conflito teve origem numa informação errada que levou a PM a avançar entre os manifestantes. Segundo ele, os policiais foram até um ônibus do MST onde achavam que havia porretes para serem usados contra eles.
- Estava tudo na mais perfeita ordem até que a PM teve a informação, que eu não sei de onde veio, de que o ônibus estava com porretes que podiam ser usados contra a polícia. E o comandante, não vou criticá-lo porque não conversei com ele, tomou a decisão de fazer um grupo entrar na multidão para ir trancar o ônibus. Na verdade, foi erro de informação - disse o ministro.
Ele afirmou que, na verdade, o ônibus tinha apenas cruzes de madeira para um ato simbólico na frente do Planalto e pedaços de pau usados na montagem de barracas de lona. Gilberto elogiou líderes do MST por terem protegido os PMs quando eles foram cercados próximo ao ônibus. Para o ministro, os coordenadores dos sem-terra "evitaram uma tragédia".
Gilberto aproveitou para elogiar o movimento e, sem citar nomes, criticar os black blocs:
- Quando uma manifestação tem liderança, uma pauta clara e direção madura, as coisas podem transcorrer sem grande problema. As fotos não retratam o conjunto da manifestação, que tinha uma pretensão pacífica. Nada a ver, portanto, com as cenas de violência, que todos nós condenamos, que aconteceram em outro tipo de manifestação, e nós esperamos não ocorram na Copa.
Anteontem, a PM informara que oito policiais tinham sido internados em estado grave, mas ontem a informação era de que eles apenas receberam atendimento hospitalar e foram liberados. O dirigente do MST Francinaldo Alves, preso na marcha, foi liberado após assinar um termo circunstanciado. Segundo o MST, as manifestações vão continuar ao longo de todo o ano.
Os representantes do MST reclamaram do ritmo lento do governo na reforma agrária e reivindicaram que 100 mil famílias sejam assentadas até o fim do ano, meta que o Ministério do Desenvolvimento Agrário diz ser impossível cumprir. Este ano, o governo deve assentar 30 mil famílias, menos de um terço do que pedem os sem-terra. Uma carta de reivindicações foi entregue à presidente.
O MST e o governo saíram da reunião apresentando dados divergentes sobre o número de assentados. Segundo o ministro Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário), no ano passado foram assentadas 30 mil famílias, enquanto o comando nacional dos sem-terra diz que apenas 7,5 mil famílias saíram dos acampamentos para um loteamento.

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