Gilberto carvalho responsabiliza pm pelo tumulto e elogia líderes do movimento
Givaldo Barbosa
Brasília. No dia seguinte ao violento confronto entre militantes do MST
e a polícia em frente ao Palácio do Planalto, que deixou 42 pessoas
feridas, a presidente Dilma Rousseff se encontrou ontem com
representantes dos sem-terra e até ganhou de presente uma cesta de
alimentos, como se nada tivesse acontecido. Segundo participantes da
reunião, nem se falou sobre o confronto da véspera, que chegou a
interromper a sessão do Supremo Tribunal Federal.
À noite, após
participar de um evento do 6º Congresso Nacional do MST, em Brasília, o
ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência,
responsabilizou a Polícia Militar pelo confronto com os sem-terra.
Gilberto disse que o conflito teve origem numa informação errada que
levou a PM a avançar entre os manifestantes. Segundo ele, os policiais
foram até um ônibus do MST onde achavam que havia porretes para serem
usados contra eles.
- Estava tudo na mais perfeita ordem até que
a PM teve a informação, que eu não sei de onde veio, de que o ônibus
estava com porretes que podiam ser usados contra a polícia. E o
comandante, não vou criticá-lo porque não conversei com ele, tomou a
decisão de fazer um grupo entrar na multidão para ir trancar o ônibus.
Na verdade, foi erro de informação - disse o ministro.
Ele
afirmou que, na verdade, o ônibus tinha apenas cruzes de madeira para um
ato simbólico na frente do Planalto e pedaços de pau usados na montagem
de barracas de lona. Gilberto elogiou líderes do MST por terem
protegido os PMs quando eles foram cercados próximo ao ônibus. Para o
ministro, os coordenadores dos sem-terra "evitaram uma tragédia".
Gilberto aproveitou para elogiar o movimento e, sem citar nomes, criticar os black blocs:
- Quando uma manifestação tem liderança, uma pauta clara e direção
madura, as coisas podem transcorrer sem grande problema. As fotos não
retratam o conjunto da manifestação, que tinha uma pretensão pacífica.
Nada a ver, portanto, com as cenas de violência, que todos nós
condenamos, que aconteceram em outro tipo de manifestação, e nós
esperamos não ocorram na Copa.
Anteontem, a PM informara que
oito policiais tinham sido internados em estado grave, mas ontem a
informação era de que eles apenas receberam atendimento hospitalar e
foram liberados. O dirigente do MST Francinaldo Alves, preso na marcha,
foi liberado após assinar um termo circunstanciado. Segundo o MST, as
manifestações vão continuar ao longo de todo o ano.
Os
representantes do MST reclamaram do ritmo lento do governo na reforma
agrária e reivindicaram que 100 mil famílias sejam assentadas até o fim
do ano, meta que o Ministério do Desenvolvimento Agrário diz ser
impossível cumprir. Este ano, o governo deve assentar 30 mil famílias,
menos de um terço do que pedem os sem-terra. Uma carta de reivindicações
foi entregue à presidente.
O MST e o governo saíram da reunião
apresentando dados divergentes sobre o número de assentados. Segundo o
ministro Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário), no ano passado foram
assentadas 30 mil famílias, enquanto o comando nacional dos sem-terra
diz que apenas 7,5 mil famílias saíram dos acampamentos para um
loteamento.
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