'Está tudo muito esquisito', disse Gilmar Mendes sobre arrecadação para pagar multas de condenados do mensalão; há elementos para o Ministério Público iniciar uma investigação, afirmou
Brasília - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta terça-feira, 4, haver elementos para que o Ministério Público inicie uma investigação para apurar o processo de arrecadação de dinheiro para pagamento de multas impostas a condenados no processo do mensalão. "E se for um fenômeno de lavagem? O Ministério Público precisa olhar isso", comentou.
Para Gilmar Mendes, está "tudo muito esquisito". Além da coleta de
dinheiro "com grande facilidade", o ministro do STF citou o fato de José
Dirceu ter conseguido uma oferta de emprego com salário mensal de R$ 20
mil para trabalhar em um hotel em Brasília, mas sob administração de
uma empresa com sede no Panamá. "Seria empregado e empregador?",
indagou.
Mendes reforçou que os condenados no mensalão não são presos
políticos. "São políticos presos por corrupção. É disso que estamos
falando", declarou o ministro.
Inoportuna. Para o coordenador do setorial jurídico
do PT, Marco Aurélio Carvalho, organizador das campanhas de arrecadação,
a frase de Gilmar Mendes foi inoportuna. Segundo ele, o partido tem as
listas com os nomes e valores que serão informados nas declarações de
renda de Genoino e Delúbio em 2015.
"Qualquer fala sem base em fatos e documentos é absolutamente inoportuna", disse ele.
Em conversas reservadas, integrantes da direção petistas avaliaram a
declaração de Mendes como uma manobra para tentar desestimular a
militância do partido a colaborar com o pagamento das multas de José
Dirceu e João Paulo Cunha, cujas campanhas de arrecadação estão
previstas para começar nas próximas semanas.
Segundo Carvalho, o PT só vai revelar quem são os doadores caso as
informações sejam requeridas pela Justiça. "Temos todos os nomes e
valores. Estas informações serão declaradas no Imposto de Renda de
Genoino e Delúbio. Só vamos revelar estes dados se houver um pedido da
Justiça, até porque são protegidos por sigilo", afirmou.
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