Fonte: Correio Braziliense
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho,
responsabilizou ontem a Polícia Militar do DF pelo tumulto em frente ao
Palácio do Planalto na manifestação do Movimento dos Trabalhadores Sem
Terra (MST), na quarta-feira. Segundo o ministro, uma informação errada
desencadeou o confronto que deixou cerca de 40 pessoas feridas, a
maioria policiais.
Carvalho disse que o comando da PM recebeu a
denúncia de que havia porretes em um dos ônibus usados pelos
manifestantes quando, na verdade, o veículo guardava cruzes de madeira
que seriam exibidas pelos sem-terra e pedaços de pau para montagem de
barracas. "A PM teve uma informação, que eu não sei de onde veio, de que
o ônibus do MST estava com porretes que poderiam ser usados contra a
polícia. O comandante, que não vou criticar porque ainda não falei com
ele, tomou a decisão de fazer um grupo da PM entrar na multidão para
trancar o ônibus", declarou o ministro, ao deixar, ontem à noite, o
Congresso Nacional do MST, no Ginásio Nilson Nelson.
A tentativa
de interditar o ônibus provocou a reação dos militantes do movimento,
que partiram para o confronto com os policiais. Para o ministro, foram
os líderes da manifestação que evitaram uma tragédia maior, ao proteger
os policiais. Procurada pelo Correio, a assessoria do GDF não retornou
as ligações para comentar as declarações de Carvalho.
No evento
do MST, a preocupação foi com a possibilidade de aprovação, no Senado,
da chamada lei antiterrorismo. Considerado vago, o substitutivo
apreciado nesta semana abriria margem para a criminalização dos
movimentos sociais. "Felizmente, esse movimento foi nesta semana, pois o
Senado quase aprovou uma lei que diz que se manifestar e ocupar prédio
público é terrorismo. E é difícil encontrar alguém aqui que não seja
enquadrado por ela", disse o pedagogo e presidente nacional do PSol,
Luiz Araújo. "Estaremos com vocês na luta contra esse projeto, que
surgiu como lei antiterror e que mostrou ser uma lei antipovo, uma lei
antimanifestação", disse Márcio Astride, representante do Greenpeace na
plenária. Além de Gilberto Carvalho, o PT foi representado pelo
governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e por vários parlamentares
do partido.
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