Fonte: O Globo
Adeclaração de Jonas Tadeu Nunes, advogado dos black blocs Caio
Silva de Souza e Fábio Raposo, de que há entre políticos e partidos um
esquema de recrutamento pago de manifestantes pode muito bem ser tática
de defesa dos clientes. Pois, assim, eles poderão ser enquadrados em
penas mais leves, a partir de mudanças técnicas na denúncia.
Mas, seja como for, tudo leva a justificar uma séria investigação
policial, inclusive de organismos federais, sobre o que pode esconder a
onda de vandalismo, principalmente em Rio e São Paulo. Sempre
ressalvados seus interesses profissionais, o advogado sugeriu atenção a
"diretórios regionais de partidos políticos, vereadores, determinados
deputados estaduais".
Fortalece a necessidade deste trabalho das
polícias a confissão de Caio à TV Globo, logo depois de ser preso, na
Bahia, de que teme ser morto por esta possível indústria de
manifestações violentas.
O primeiro depoimento de Caio à Polícia
Civil fluminense, na noite de quarta, revelado pelo jornal "Extra",
reforçou a já imperiosa necessidade de que polícias, Ministério Público e
Justiça deem prioridade ao levantamento do que de fato acontece nos
bastidores desta onda de manifestações violentas. Ainda no depoimento,
Caio confirmou o aliciamento de jovens para manifestações - em troca de
R$ 150, segundo o advogado. Ele próprio foi um deles. O black bloc preso
disse ter visto a compra de quentinhas para esses manifestantes
terceirizados.
Disse, ainda, acreditar que os partidos cujas
bandeiras aparecem nas passeatas são os que financiam o vandalismo.
Citou PSOL, PSTU e FIP (Frente Independente Popular). PSOL e PSTU
negaram com veemência.
Pelo menos no caso do PSOL, há a
comprovada proximidade do gabinete do deputado estadual Marcelo Freixo
em relação a black blocs, por meio de assessoria jurídica para o caso de
prisões.
Muito precisará ser esclarecido pelas investigações.
Elas são cruciais, porque é perigosa para a democracia a promiscuidade
entre políticos, autoridades e grupos radicais em semiclandestinidade.
Esclarecedor que, enquanto transcorria a repercussão da prisão de Caio,
em Brasília, o MST, um dos "movimentos sociais" de livre trânsito no
governo, inclusive no Tesouro Nacional, ameaçava invadir o Supremo, algo
de extrema gravidade pelo simbolismo. Pois o Supremo, na condenação de
mensaleiros, estabeleceu um limite, em nome da Constituição, a forças
políticas desestabilizadoras da democracia representativa. O ato do MST
foi um ataque ao estado de direito, ao estratégico papel da Justiça na
proteção das liberdades.
E, mesmo assim, a presidente Dilma
aceitou recebê-lo no Planalto. Passo em falso. Tropas de vândalos
homicidas de aluguel e leniência constante com atos criminosos de
organizações ditas sociais são fatos que têm a mesma origem, o desprezo
pela democracia.
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