sábado, 15 de fevereiro de 2014

Esforço para atender militares

 

Governador Agnelo Queiroz apresenta uma proposta a policiais militares e bombeiros e negocia com o governo federal para custear correção salarial e de outros benefícios para as duas categorias. A princípio, a despesa será bancada pelo próprio Executivo local 
CAMILA COSTA, MARIANA LABOISSIÈRE e KELLY ALMEIDA 

Depois de muita pressão de policiais e bombeiros e do aumento da criminalidade, o Governo do DF (GDF) apresentou ontem uma proposta às duas categorias, que envolve correção salarial e nas tabelas dos auxílios moradia e refeição. O GDF ainda negocia com o governo federal para arcar com os benefícios. Mas, a princípio, as despesas devem ser custeadas pelos cofres locais.

O governador Agnelo Queiroz havia estipulado um prazo para se posicionar sobre as reivindicações dos militares. Ontem, data final para a resposta, Agnelo se reuniu com os comandantes da PM, coronel Anderson Moura, e do Corpo de Bombeiros, Júlio César dos Santos, e outros representantes do governo. A reunião teve início por volta das 18h e, até o fechamento desta edição, a proposta ainda era analisada pelas associações dos militares.
Por volta das 20h30, o encontro de portas fechadas do governador com os comandantes apresentava um resultado. Neste momento, as associações dos militares foram convocadas para ouvir as propostas do GDF. As negociações envolveram deputados distritais e federais e também o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Cláudio Abrantes (PT), Aylton Gomes (PR), Dr. Michel (PPL) e Patrício (PT) — parlamentares da bancada de segurança do DF — estiveram no encontro. O presidente regional do PT, Roberto Policarpo, também participou da reunião, que ocorreu em uma casa no Lago Sul, onde funciona um conselho de governo.
Uma conversa entre a presidente Dilma Rousseff e Agnelo Queiroz ao longo da última semana teria acabado com qualquer possibilidade de aumento salarial às forças de segurança custeado pelo governo federal. Dilma teme que, ao conceder o aumento para os militares do DF, seja pressionada pelas mesmas categorias de outras unidades da Federação.

Ameaça
Pouco antes da reunião, em contatos feitos entre os militares pelas redes sociais e pelos grupos de conversa do telefone celular, o clima era de tensão. PMs e bombeiros ameaçavam fomentar ainda mais as operações, caso a proposta não fosse positiva para a categoria. Postagens feitas na internet no fim da tarde de ontem aumentavam a sensação de insegurança entre a população. Uma delas, uma espécie de alerta, dizia para as famílias não saírem de casa após as 19h de ontem, porque não teriam militares a serviço.
Desde o fim do ano passado, policiais militares trabalham em ritmo lento. Em outubro, eles anunciaram a operação tartaruga por estarem insatisfeitos com os salários e as condições de trabalho. No começo do ano, o brasiliense presenciou uma escalada da violência. Os índices de crimes contra o patrimônio e a vida deram um salto. Foram 75 mortes violentas no DF no primeiro mês de 2014 — 41% a mais do que no mesmo período de 2013. Uma média de um assassinato a cada 10 horas. Policiais também deixaram de sair dos batalhões com as viaturas alegando que não participaram de um curso de formação para conduzir veículos de emergência. Desde então, os militares têm pressionado o GDF a dar uma resposta para as reivindicações da categoria.

Memória
Movimento em 2012
Em 2012, os militares fizeram um movimento semelhante. A operação-padrão da PM e do Corpo de Bombeiros terminou em 12 de abril, após quase dois meses. No período, os servidores das corporações atrasavam os serviços de segurança pública a fim de chamar atenção para suas exigências—melhorias no plano de carreira e aumento salarial, principalmente.
Os militares evitavam atender chamados corriqueiros, não trafegavam acimada velocidade das ruas e diminuíam o policiamento ostensivo. Durante a Operação Tartaruga, os crimes no Distrito Federal atingiram índices alarmantes. Só em março, por exemplo, foram registrados 88 homicídios. Nos quatro dias da semana santa, a situação ficou pior: a polícia registrou 12 mortes violentas, uma a cada oito horas. Uma das vítimas foi o servidor público Saulo Jansen, que levou um tiro de um assaltante enquanto lanchava com a família e amigos em um comércio da 413 Norte.
O movimento gerou uma das piores crises da história da PM e levou à queda do comandante da corporação, coronel Sebastião Gouveia. Ele acabou substituído pelo também coronel Suamy Santana, então secretário adjunto de Segurança Pública do DF



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