Brasil
O
ex-presidente não descarta nova candidatura, começa as caravanas para
ajudar o PT e vai aos EUA tentar mudar o humor dos investidores
Depois de passar por uma minuciosa revisão médica e constatar que a sua
saúde está em dia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a
fazer aquilo que define como o que mais gosta: correr o Brasil e subir
nos palanques em busca de votos. "Vou ser ativista político até morrer",
disse Lula na sexta-feira 14, em Belo Horizonte, durante evento que
praticamente oficializou a candidatura do ex-ministro do Desenvolvimento
Fernando Pimentel ao governo de Minas Gerais. O encontro com os
militantes mineiros fez parte de um projeto de caravanas desenhadas pelo
ex-presidente para apoiar os candidatos do PT em diversos Estados. A
proposta é de que São Paulo, Minas e Paraná, por serem tradicionais
trincheiras tucanas, recebam uma atenção especial. Na Caravana da
Participação, em Minas, Lula motivou boa parte dos petistas ao deixar
aberta a possibilidade de ele mesmo vir a disputar novas eleições. "Não
tenho vontade de disputar eleição novamente. Mas essas coisas não
dependem só da vontade pessoal", afirmou o ex-presidente.
"De qualquer
forma, é uma questão para o futuro, em 2014 a nossa candidata é a
presidenta Dilma." No PT, porém, há grupos que defendem a candidatura de
Lula já e até cogitam uma improvável articulação com o socialista
Eduardo Campos.
Neste ano eleitoral, o primeiro palanque de Lula foi em Ribeirão Preto,
no interior de São Paulo. Na sábado 8, coube ao ex-presidente, diante de
uma plateia de aproximadamente 1,5 mil pessoas, formada principalmente
por produtores rurais, a tarefa de apresentar o candidato que ele
próprio selecionou para disputar a sucessão paulista: o ex-ministro da
Saúde Alexandre Padilha. A estratégia do ex-presidente é procurar
repetir no Estado o que fez no plano federal com a presidenta Dilma
Rousseff e na capital paulista com o prefeito Fernando Haddad. Lula quer
promover uma efetiva renovação nas lideranças partidárias, optando por
nomes menos conhecidos e também menos desgastados diante da opinião
pública.
No
palanque, Lula mostrou que não perdeu a forma. Falando para a militância
petista, o ex-presidente se mostrou solidário aos líderes do partido
que se encontram presos por causa do mensalão e fez críticas aos
ministros do Supremo Tribunal Federal, particularmente ao presidente
Joaquim Barbosa. "O papel do ministro da Suprema Corte é falar no
processo e não na televisão. Se quiser fazer política, que entre em um
partido e dispute votos como candidato", afirmou. "O PT está sofrendo,
pois tem companheiros presos e se solidariza com todos eles." Na
sequência, fiel ao estilo que adquiriu ao longo de cinco disputas
presidenciais, Lula chamou a militância para a campanha e deu o tom do
discurso a ser seguido por Padilha: "A briga não será fácil. Os tucanos
não brincam em serviço, porque ninguém tem um bico daquele tamanho à
toa. É bico de bicho predador, comedor de filhote". Afinado, o
ex-ministro parece ter entendido o recado e terminou seu discurso
dizendo que o PSDB tem voo lento e não voa alto.Ainda em Ribeirão Preto,
o ex-presidente e seu afilhado Padilha chegaram a ouvir duras críticas
do agronegócio à gestão de Dilma e até alguns ataques ao programa Mais
Médicos, até o início do mês comandado por Padilha. O ex-presidente
mostrou que também está em forma para atuar nos embates diante de
plateias mais reduzidas. Num jantar com cerca de 200 empresários, Lula
defendeu o Mais Médicos, mas chegou a criticar Fidel Castro. "Eu mesmo
falei para Fidel que ele estava errado ao condenar o plantio de cana
para a produção de etanol", narrou o ex-presidente ao prometer empenho
para ajudar o setor junto ao governo federal. O empenho do
ex-presidente, porém, não foi suficiente para que o empresário Maurílio
Biagi, recentemente filiado ao PR, aceitasse o convite para ser
candidato a vice na chapa de Padilha.
Frustrado com a negativa de Biagi, Lula dedicou o início da semana
passada para uma missão internacional. "Não irei à festa de 34 anos do
PT (realizada na segunda-feira 10) porque tenho compromisso já agendado
em Nova York e estou cansado de ver notícias internacionais negativas
para o Brasil", disse Lula antes de embarcar para os Estados Unidos a
convite do ex-presidente americano Bill Clinton. Nos EUA, Lula e Clinton
reforçaram os entendimentos em torno de projetos comuns de combate à
miséria na África e, posteriormente, o brasileiro discursou para
representantes de investidores americanos e empresários brasileiros. A
exemplo do que tem feito em diversas viagens internacionais, Lula
defendeu a política econômica brasileira e disse que as análises do
banco central americano sobre as vulnerabilidades dos países emergentes
não são realistas em relação ao Brasil. No final do evento, membros da
Americas Society e do Council of the Americas, que reúnem bancos como
JPMorgan, Bank of America e Citi, disseram que Lula fora bastante
convincente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário